sexta-feira, 27 de abril de 2007

VEM PRA CÁ, JÃO


A notícia do dia foi dada na calada da noite, como convém a episódios furtivos, assaltos a geladeiras e crises de reumatismo. O prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro, migrou para o PMDB, depois de tornar, por si só, sua permanência insustentável no partido de origem, o PDT. A mudança confirmada pelo próprio em entrevista coletiva no Palácio Thomé de Souza, pouco antes das 19h, mobilizou o normalmente estéril noticiário dos sites baianos dedicados à cobertura da arte de engabelar pela retórica, modalidade esta também conhecida como política.
Para manter uma tradição, no anúncio, João ficou com os olhos marejados. Não se sabe se a voz embargada e o princípio de lágrimas foram motivados por reminiscências e despedidas, ou pelo atraso no lanche do fim de tarde, um rigoroso Todynho bebido com biscoitos São Luiz, hábito de infância. O noticiário recente dos sofismas henriqueanos envolve mais um sermão em sua vida. Só que não mais a mãe, dona Ieda Barradas, é a protagonista dos pitos que o menino Jão - um rapaz que nunca foi arteiro, mas sempre se envolve em trapalhadas - recebe vida afora. Desta vez, até o ex-presidente do PSDB baiano, deputado Jutahy Júnior, se achou no direito de uma descompostura pública.
Não há muito a comentar sobre isso tudo. Foi apenas um registro despretensioso sobre alguém que está precisando de um bom conselheiro político urgentemente. Ou, então, começar a pensar na possibilidade do Itambynho, que é mais barato, nutritivo e também uma delícia.

AMOR DE MÃE




Moro a mais de 1500 km de distância da minha mãe e tenho 36 anos, mas quando estou doente... Dá uma saudade daquele colo... Nos vemos em média duas vezes por ano; nosso reencontro é sempre festivo, alegre, gostoso, confortante.

Imagine mãe e filhas que passaram 16 anos sem ter qualquer contato.
O drama foi mostrado no BATV, telejornal da TV Bahia, no mês passado. D. Leilza morava no interior do Paraná com as 3 filhas, Raquel, Gisele e Fabiana. Não suportou a intensidade das agressões físicas que sofria do marido e fugiu de casa. As meninas e o danado do pai foram para São Paulo, onde ele morreu cinco anos depois. Eis que surge um baiano na vida de Raquel e as irmãs sem-mãe se mudam todas para Dias D'Ávila, na região metropolitana de Salvador. Onze anos atrás, por incentivo do tal baiano, a família começou a odisséia em busca da mãe-perdida. As filhas só tinham como lembrança de D. Leilza uma foto antiga. Com a ajuda da internet - sempre ela - localizaram a mãe-amada em São José dos Pinhais, no Paraná. Raquel diz que nunca deixou de pensar na mãe, numa atitude que demonstra uma certa inversão de papéis; ficava preocupada com a alimentação e o bem estar da mãe, imaginando se ela estaria bem, agasalhada...

Coisas de um amor visceral. Aos 50 anos, D. Leilza recomeçou a vida ao lado da nova família. No primeiro dia juntas depois de quase 20 anos, mãe e filhas choraram, grudadas, a saudade que só o tempo vai apagar.

Mamma, tô com saudade de você.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

CIENTISTA NO AR

Seguindo a linha plunct plact zum, adivinhe quem vai levitar nesta quinta feira?
Ele mesmo. O físico britânico Stephen Hawking, 65, vai experimentar a gravidade zero. O homem considerado o mais brilhante cientista depois de Albert Einstein vai vestir um traje espacial e sair da cadeira de rodas, no Centro Espacial Kennedy, na Flórida (EUA) . Mas não tem foguete nesta história. Ele vai embarcar mesmo num velho Boeing que faz simulação de viagem espacial. O avião adaptado faz manobras radicais que reproduzem a sensação de estar no espaço, simulando gravidade zero. Para o cientista que há anos tem os movimentos limitados por causa de uma doença degenerativa deve ser uma experiência libertadora. Hawking se comunica através de um sintetizador de voz operado pelo movimentos dos olhos e de alguns dedos. O “passeio” que será monitorado por médicos, vem pouco tempo depois do físico ter “queixado” uma viagem espacial, para o empresário Richard Branson, dono da Virgin, e conhecido pelas aventura aéreas. A viagem está prevista para 2009. No ano passado professor de física da Universidade Cambridge já tinha anunciado que os seres humanos deveriam colonizar outros planetas para evitar nossa extinção. Sobre o problema das distâncias interplanetárias, a dica está no livro "O Universo Numa Casca de Noz” que cogita a possibilidade de viajar no tempo. Para mim, o nobre cientista quer mesmo é garantir um bom terreninho lá no o exoplaneta descoberto recentemente, da matéria logo abaixo...

terça-feira, 24 de abril de 2007

Esperança interplanetária

Eu sei que é cedo para arrumar as malas, mas caso haja alguma lista de espera para partir e deixar para trás Lula, Bush, Bin Laden e Amado Batista, tô dentro. Não é que os cientistas descobriram um planeta do tipo "terrestre habitável", capaz de abrigar vida fora da terra?! O estudo sai na quinta-feira, na revista Astronomy and Astrophysics, mas já aguça os planos de alguns desiludidos com esse planeta aqui (como eu!) . O Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França (CNRS) adiantou alguns dados da pesquisa. O exoplaneta gira em torno da estrela Gliese 581 (Gl 581) a 20,5 anos-luz de nosso planeta. E o mais interessante: é o primeiro a possuir ao mesmo tempo uma superfície sólida e líquida e uma temperatura próxima da encontrada na Terra, variando de zero a 40ºC.
Dados científicos à parte, vocês já imaginaram poder começar do zero novos bairros, cidades, países, ou então arquitetar uma grande comunidade sem fronteiras - e não estou falando da globalização que conhecemos hoje - e partir de mala e cuia numa esperançosa viagem interplanetária? Mas quem estaria no comando dessa missão? Quem poderia ter o visto liberado? Quem ditaria as regras para o início do jogo? E quem escolheria o nome do planeta (eu voto em Zion, se bem que deve existir alguma estrela com esse nome)? Cidadãos terrestres, certamente, o que não me parece boa idéia. Basta olhar os recentes estudos sobre aquecimento global e outras formas de destruição do próprio habitat. O pobre do planeta mal foi descoberto e já pode correr perigo, coitado.
De qualquer forma, saber que ele existe já foi uma boa notícia para mim. Descoberto com o telescópio "Harps" de 3,6 m do Observatório Espacial Europeu (Eso) da Silla, no Chile, este planeta orbita em 13 dias em torno da estrela Gliese 581 (Gl 581), da qual está 14 vezes mais próximo do que a distância da Terra para o Sol. Vou anotar o endereço. E se por um acaso alguém encontrar algum carimbador maluco por aí, disposto a organizar essa viagem, é só me avisar. Quem me acompanha?

domingo, 22 de abril de 2007

FESTA DO CINEMA

Todo país que se preze tem seu Oscar. Na França, existe o César. Na Espanha, o Goya. Na Itália, tem o David Di Donatello. Todos são entregues por suas "academias" nacionais de cinema. O Brasil, embora quase ninguém saiba, também tem seu Oscar. Ele ainda não tem nome - ou apelido - mas, desde que foi criado, há cinco anos, passou por uma grande evolução. Deixou de ter marca de patrocinador. Pois é, o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro já foi o Grande Prêmio BR ou o Grande Prêmio TAM do Cinema Brasileiro. Ficou mais sério, mas extremamente mais difícil de ser realizado.

O presidente da nossa academia, o cineasta Roberto Faria, quase não arranja apoio para a festa, que aconteceu neste domingo e foi transmitida ao vivo pelo Canal Brasil (Sky, 66). A última edição do prêmio demorou tanto para acontecer que tiveram que tornar elegíveis longas de 2005 até a metade de 2006. A vontade de realizar o evento, no entanto, apesar de bastante bem-vinda tropeçou em alguns problemas.

O primeiro é o número de indicados: 8 por categoria. Veja bem, se nos Estados Unidos, onde são elegíveis cerca de 900 filmes por ano só tem cinco indicados em cada quesito, porque no Brasil, com pouco mais de 70 filmes votáveis, temos 8 concorrentes? Não parece que, na ânsia de querer celebrar a produção brasileira, celebraram demais? Há indicações esquisitíssimas como a de Hermila Guedes como protagonista em Cinema, Aspirina e Urubus ou a de José Dumont, na mesma condição, em Árido Movie, quando os dois são claramente coadjuvantes e só parecem estar lá para completar o número de indicados.

O filme de Hermila, por sinal, ganhou os principais prêmios: longa de ficção, direção (Marcelo Gomes), fotografia, montagem e roteiro original. Foi o mais acertado de uma festa bem chatinha, onde dois ótimos atores - João Miguel e Dira Paes - não achavam o timing para ser dois bons apresentadores. A idéia de passar clipes de todos os indicados em todas as categorias também foi infeliz: alongou e deixou a cerimônia cansativa. Como o prêmio ainda não tem credibilidade, a maior parte dos premiados não compareceu para receber suas estatuetas, o que, de certa forma, deixa o projeto de um "Oscar brasileiro". É o engatinhar de uma indústria se organizando. Daqui a alguns anos, talvez o prêmio, já com um nomezinho nosso - tipo Glauber ou Humberto - fique famoso e seja respeitado. Até lá, parece apenas um Oscar Jr., um Oscarito.