domingo, 10 de junho de 2007

A Tocha que atocha


Ela dominou o noticiário deste sábado, 9 de junho em Salvador: a Tocha dos Jogos Panamericanos. É bem verdade que quando desembarcou no aeroporto, bem cedinho, era só um fifozinho, daqueles que se usa na roça. Dá uma olhada na foto do fifó com João Henrique e Popó. Só lá na praça do Campo Grande é que acenderam a Tocha de verdade. Pois a Tocha, a grandona, percorreu a cidade todinha passando de mão em mão. Na orla o povo aplaudiu, na Ondina a alegria se expandiu e o subúrbio parou para ver ouvir e dar passagem. Alguém se lembrou da banda? Melhor do que isso, teve trio elétrico na Praça Municipal. Tudo pela Tocha. As piadas, é claro, foram inevitáveis. Afinal não é qualquer um que leva a Tocha assim numa boa. Foi engraçado ver o pessoal fora de forma. No percurso de 400 metros muita gente não estava agüentando carregar. Mas também além de pesada, o fogaréu lá em cima dava medo. Nem com a chuvarada que caiu na cidade a danada apagou. Com o vento parecia até um maçarico desregulado, inclusive a organização do evento recomendou a todos os participantes que não usassem gel no cabelo. É sério! Já pensou se pega fogo no topete de alguém? A Tocha Humana, que horror. Dos nossos conhecidos, Jorge Allan pegou na Tocha e Patrícia Abreu também. Ah, Ivan Pedro na hora de sair com ela na mão exclamou bem alto: “Vocês pensavam que eu tava morto? Eu não morri não!”. Na terra de Todos os Santos a Tocha também seguiu o sincretismo religioso. Foi conduzida pelos filhos de Gandhy e subiu a colina sagrada até a igreja do Bonfim, um espetáculo. Mas a festa durou só um dia. A Tocha foi embora do jeito que chegou a Salvador, talvez um pouco mais pegajosa. Quem vai receber o símbolo panamericano agora são os sergipanos. Então, atocha a Tocha neles...ui.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Há beleza no outro lado do mundo

A notícia que me atormentou durante toda a terça-feira não foi o afastamento dos policiais federais baianos por causa da operação navalha, também não foi a nova internação de ACM no INCOR e nem repercussão da defesa de Renan Calheiros no Senado (isso que dá não usar camisinha). A notícia que literalmente me perseguiu foi a eleição da japonesa Riyo Mori, miss Universo 2007. Ninguém acreditou que não sabia do grande feito da minha “parente”, apesar do meu sobrenome ser Mizuno e não Mori. Todos vieram repercutir comigo, queriam saber o que eu achava, alguns estavam zangados porque a candidata brasileira ficou em segundo lugar. Gente, juro que não tive nada com isso. Não conheço nenhum jurado do concurso, não sou lobista e nunca me encontrei com Zuleido Veras! Um colega ainda se queixou: “se fosse para eleger uma oriental que fosse a miss Koreia que é mais bonita”. Claro que levei tudo na esportiva, apesar das décadas de ressentimento entre coreanos e japoneses. Hoje, por um dia, representei toda a nação japonesa, do oriente ao ocidente. Só de birra não vi nenhum site sobre o assunto no trabalho. E eu que nem gosto desse negócio de miss (mas confesso que li o Pequeno Príncipe). Antes de sair da TV, uma colega me disse “parabéns pela sua irmã”. Tive que ir embora com mais essa. Mas a surpresa foi quando cheguei em casa, abri o computador e vi esta foto abaixo: Não é que Riyo é mesmo minha irmã ... e gêmea!

quinta-feira, 24 de maio de 2007

É pau, é pedra...

Estou há pouco mais de uma semana em São Paulo e este foi o dia mais animado na cidade. E o motivo não foi um festival de comida italiana no Brás, uma instalação com estátuas vivas na Praça da Sé ou um encontro de amantes de karaokê na Liberdade. Foi porrada. Era cerca uma e meia da tarde e eu seguia para meu trabalho quando, em frente ao Museu de Arte de São Paulo, o Masp, eu vejo uma concentração de gente, carros de som e faixas, aquela mistura chata que todo mundo costuma confundir com democracia.

Como eu estava meio sonolento por causa do friozinho, da chuva incessante e interminável espera pelo ônibus - jurei que a linha tinha sido extinta exatamente nesta quarta-feira - só pensei numa coisa: - por que é que esse povo protesta tanto se é no voto deles onde começa a coisa errada?

Enfim, segui. Comprei um pacote de cookies para não passar fome durante sete horas no trampo e fui para a labuta. Lá descobri, além de que aquela menifestação era o fato o dia, quais os motivos de tudo aquilo. Pois bem, são tantos que nem dá para escrever aqui. Estudantes, funcionários públicos, sindicalistas, integrantes de movimentos sociais; todos estavam tão juntinhos pelo sagrado direito de protestar, que, no caso de muitos, é sinônimo de existir.

E juntos eles seguiram pela Avenida Paulista bloqueando o trânsito. E juntos eles desceram pela Brigadeiro Luiz Antônio - do lado do meu trabalho - gritando palavras de ordem. E juntos eles chegaram na Assembléia Legislativa e, literalmente, tascaram o pau... O pau, a pedra, o saco de lixo, a placa de trânsito. Nada foi poupado. Os policiais revidaram com cassetetes e gás de pimenta (arde? coça?). Tudo para acompanhar a votação de um projeto de lei que cria um fundo previdenciário estadual. Ué? Aposentadoria para funcionários públicos, tudo bem, mas e os estudantes? Queriam só defender seu direito de reclamar? E o MST? queria a(po)ssentar. E os servidores do Banco Central? Será que é de lá que vai sair o dinheiro para pagar o seguro social e eles vão ter que fazer hora extra?

Hummm, vou ter que pensar a respeito...

terça-feira, 22 de maio de 2007

Mais uma do fóssil-vivo

Queria comentar hoje sobre uma notícia alegre, mas hoje em dia isso está cada vez mais difícil. Vejam algumas manchetes: “Navalha 2 vai investigar outra empreiteira”, “Policiais Federais entram em greve nesta terça feira”, “Médicos retiram bala da cabeça de menina de 4 anos ferida em tiroteio”. Um horror! Até tinha uma notícia boa lá no cantinho: “Álcool fica mais barato”, mas meu carro é a gasolina. Diante deste quadro vou ter que voltar a falar do Celacanto. Pois é, pescaram um Celacanto, o fóssil-vivo, lá na Indonésia. O pescador não sabia da importância do bicho, até tentou devolvê-lo pra água, mas o Celacantinho, um filhote, morreu. Menos um dinossauro na Terra, confesso que fiquei triste. Na Band News FM deram a notícia, mas trocaram o nome do peixe para Cecalanto. Como vocês já perceberam tenho uma fixação por este tema. Talvez tenha sido Celacanto em alguma encarnação, já que o peixe existe há pelo menos 360 milhões de anos (será que o bichinho morto é meu descendente?).
Ainda bem que não tive filhos, o primogênio poderia se chamar João Celacanto.

domingo, 13 de maio de 2007

Nhô Bento, Seu Lula e outros tabaréus


E o Papa foi embora. Sem querer ofender ninguém, mas já tava na hora. Foi uma overdose Papal. O Papa chegando de aeropapa, no papamóvel, no papalanque, etc, etc. Os jornais editaram encartes, nas revistas, olha lá ele de novo. Também teve blog do Papa e Orkut do Papa , mas não vou dar colher de chá e ficar colocando link para isso, por favor. Já basta neste domingo, acordei cedo para assistir ao GP de Fórmula Um de Barcelona , mas não vi Felipe Massa receber a bandeirada final. A programação foi interrompida para a transmisssão da missa Papal. Mas será o Benedito! Ou melhor, o Bento! Para mim, o melhor da visita do Papa foi mesmo o comentário do nosso amigo Matheus Carvalho, logo na chegada do Papa ao Brasil. Estavam os dois chefes de Estado, lado a lado, ao vivo em rede nacional, Bento XVI e Luís Inácio Lula da Silva. Quando Matheus viu a imagem na TV, não resistiu: “Olha lá, parecem dois tabaréus, um falando pro outro: ô Bento, oi Lula”. E pareciam mesmo. O melhor desta história é que a visita do Papa terminou com o Bento trocando prosa com outro tabaréu, o Zé, Alencar. Intão, meus cumpadis e minha cumadis, é isso. Nhô Bento si foi, mas deixô tudo nóis abençoado. Graças a Deus.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

OLHAR ESTRANGEIRO



Deu no NE TV (o BATV de Pernambuco): Moradores do bairro da Boa Viagem querem que o Ministério Público interfira no projeto do Parque Dona Lindu. Resumindo a história, a prefeitura do Recife quer implantar o parque projetado por Oscar Niemeyer e que leva o nome da mãe do presidente Lula, enquanto os moradores querem manter a área verde. Antes de assistir ao telejornal, nesta minha breve visita à capital pernambucana, tive a oportunidade de caminhar pela orla da Boa Viagem. Os prédios “chiques” tomam toda a avenida beiramar e os imóveis antigos estão sendo demolidos para a construção de novos, mas daqueles super edifícios de fazer inveja à construtora que demoliu a mansão Wildberg. Os soteropolitanos que no ano passado discutiram tanto o gabarito da orla e no Recife os arranha-céus subindo, subindo. O hotel mesmo tem 29 andares! De longe é uma beleza: torres de arquitetura arrojada, muito mármore e granito. Mas por causa da altura dos prédios, só tem sol na praia até as duas da tarde. Pode ser que agora os moradores queiram compensar preservando um “verdinho” que resta, já que o sol da tarde foi extinto.
Em tempo: Aqui no Recife as barracas da orla ficam na calçada e no mar tem tubarão.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Rebolado partidário

No dia do trabalho, em vez de comentar a infeliz declaração do líder da Força Sindical e deputado federal, carinhosamente conhecido como Paulinho, ou então a presença de Delúbio Soares na comemoração da CUT (quem disse que picareta não é profissão?), prefiro analisar aqui como uma pessoa pode reinventar a própria carreira em busca de um espaço no tão cruel mercado de trabalho: Gretchen se filiou ao PPS e deve sair candidata à prefeitura de Itamaracá (PE). Vejam só que exemplo de como buscar alternativas quando seu perfil profissional já não mais se encaixa nas exigências do mercado. No caso, a "busanfa" da porta-voz do Melô do Piri Piri já não era mais a mesma. A concorrência com as dançarinas de pagode era cruel, assim como a força da gravidade. E ela descobriu na política a chance de continuar nos holofotes.


A foto da assinatura à legenda partidária correu os principais jornais e sites do Brasil nos últimos dias. Muito mais bem comportada do que quando divulgava seu filme pornô, a cantora ícone dos anos 80 citava a juíza aposentada e ex-deputada federal Denise Fraussard como espelho na mais nova área de atuação. Gostaria de saber como a digníssima jurista se sentiu com tal citação...


Gretchen deve se afastar dos microfones assim que a campanha municipal começar. Mas não deve aposentar o rebolado. Nos palanques, os atributos podem ajudar a conseguir um ou outro voto, até porque a própria já declarou que não entende muito de administração pública e tão pouco tem conteúdo político. As vezes em que apareceu mais composta na mídia foram para comentar a vida amorosa homossexual da filha Tammy, ex-parceira de shows.


Esse episódio só serve para confirmar o que eu já estava desconfiada há muito tempo: a política brasileira está se transformando num circo dos horrores. Se já não bastassem os figurões de sempre, acostumados a protagonizar trapalhadas mambembes e artimanhas inimagináveis, agora ainda temos que encarar seres que estavam no fundo do poço do showbiz. Depois de Clodovil Hernandez e Frank Aguiar em Brasília, agora Gretchen que virar prefeita. Acho que seria menos pior vê-la, ao 50 anos, insistindo em usar biquinis fio-dental e dançando Conga la Conga em programas de TV de gosto duvidoso. Ainda bem que Itamaracá fica bem longe de Salvador...

segunda-feira, 30 de abril de 2007

JAPAS SENSÍVEIS

Eu sempre desconfiei de que os japas fossem pessoas sensíveis apesar de toda aquela história de samurai e harakiri. A notícia de que sete japoneses passaram mal durante uma sessão do filme Babel, de Alejandro Gonzalez Iñarritú, confirmou minha teoria. Segundo a reportagem, o grupo não teria resistido à imagem da atriz Rinko Kikuchi dançando numa boate, com luzes piscando. O incidente seria semelhante a outro, em 1997, quando mais de treze mil crianças - japonesas, por sinal - se sentiram mal quando assistiam ao desenho Pocket Monster, aliteração para Pokemón.

Será que foi isso ou os primos da minha colega de blogue Silvia Mizuno são apenas pessoas de bom gosto e não suportaram ver um filme tão ruim?

Quando eu vi o longa em outubro passado, durante a Mostra de Cinema de São Paulo, eu, juro, também passei mal. Não cheguei a vomitar porque estava de barriga vazia, mas me deu certa repulsa assistir a um filme que quer ser tanto e não consegue ser nada. Babel segue uma linha bastante frutífera do cinema atual: a do filme que quer revelar os bastidores da sociedade, da qual Crash - No Limite, de Paul Haggis, é o exemplo mais grotesco. Um tipo de filme que faz mais escândalo do que qualquer coisa.

Mas Iñarritú, por sinal, diz que detesta o filme de Haggis e que, no seu longa, segue outro caminho: não julga seus personagens. Isso quer dizer exatamente o quê? Que se Crash promove julgamentos, sentenças e condenações, Babel é apático em relação a seus personagens que dançam aleatoriamente ao sabor da maldade de um roteirista que quer ver todo mundo em maus lençóis? Se for assim, Crash é melhor do que Babel embora seja um filme horrendo.

E os japoneses com isso? Bem, uma pesquisa recente revelou que eles fazem pouco sexo e ainda reclamam dele. E aí mandam eles verem um filme destes e querem que as pessoas saiam ilesas. Por sinal, a parte mais fraca do filme fraco que é Babel é justamente a história oriental, completamente à parte do emanharado de histórias que o diretor acha que é genial. Esta é outra teoria em relação aos japoneses. Eles ficam ainda mais sensíveis ainda quando se vêem tão mal retratados na tela. E talvez mais ainda depois de uma noite sem amor.

sexta-feira, 27 de abril de 2007

VEM PRA CÁ, JÃO


A notícia do dia foi dada na calada da noite, como convém a episódios furtivos, assaltos a geladeiras e crises de reumatismo. O prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro, migrou para o PMDB, depois de tornar, por si só, sua permanência insustentável no partido de origem, o PDT. A mudança confirmada pelo próprio em entrevista coletiva no Palácio Thomé de Souza, pouco antes das 19h, mobilizou o normalmente estéril noticiário dos sites baianos dedicados à cobertura da arte de engabelar pela retórica, modalidade esta também conhecida como política.
Para manter uma tradição, no anúncio, João ficou com os olhos marejados. Não se sabe se a voz embargada e o princípio de lágrimas foram motivados por reminiscências e despedidas, ou pelo atraso no lanche do fim de tarde, um rigoroso Todynho bebido com biscoitos São Luiz, hábito de infância. O noticiário recente dos sofismas henriqueanos envolve mais um sermão em sua vida. Só que não mais a mãe, dona Ieda Barradas, é a protagonista dos pitos que o menino Jão - um rapaz que nunca foi arteiro, mas sempre se envolve em trapalhadas - recebe vida afora. Desta vez, até o ex-presidente do PSDB baiano, deputado Jutahy Júnior, se achou no direito de uma descompostura pública.
Não há muito a comentar sobre isso tudo. Foi apenas um registro despretensioso sobre alguém que está precisando de um bom conselheiro político urgentemente. Ou, então, começar a pensar na possibilidade do Itambynho, que é mais barato, nutritivo e também uma delícia.

AMOR DE MÃE




Moro a mais de 1500 km de distância da minha mãe e tenho 36 anos, mas quando estou doente... Dá uma saudade daquele colo... Nos vemos em média duas vezes por ano; nosso reencontro é sempre festivo, alegre, gostoso, confortante.

Imagine mãe e filhas que passaram 16 anos sem ter qualquer contato.
O drama foi mostrado no BATV, telejornal da TV Bahia, no mês passado. D. Leilza morava no interior do Paraná com as 3 filhas, Raquel, Gisele e Fabiana. Não suportou a intensidade das agressões físicas que sofria do marido e fugiu de casa. As meninas e o danado do pai foram para São Paulo, onde ele morreu cinco anos depois. Eis que surge um baiano na vida de Raquel e as irmãs sem-mãe se mudam todas para Dias D'Ávila, na região metropolitana de Salvador. Onze anos atrás, por incentivo do tal baiano, a família começou a odisséia em busca da mãe-perdida. As filhas só tinham como lembrança de D. Leilza uma foto antiga. Com a ajuda da internet - sempre ela - localizaram a mãe-amada em São José dos Pinhais, no Paraná. Raquel diz que nunca deixou de pensar na mãe, numa atitude que demonstra uma certa inversão de papéis; ficava preocupada com a alimentação e o bem estar da mãe, imaginando se ela estaria bem, agasalhada...

Coisas de um amor visceral. Aos 50 anos, D. Leilza recomeçou a vida ao lado da nova família. No primeiro dia juntas depois de quase 20 anos, mãe e filhas choraram, grudadas, a saudade que só o tempo vai apagar.

Mamma, tô com saudade de você.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

CIENTISTA NO AR

Seguindo a linha plunct plact zum, adivinhe quem vai levitar nesta quinta feira?
Ele mesmo. O físico britânico Stephen Hawking, 65, vai experimentar a gravidade zero. O homem considerado o mais brilhante cientista depois de Albert Einstein vai vestir um traje espacial e sair da cadeira de rodas, no Centro Espacial Kennedy, na Flórida (EUA) . Mas não tem foguete nesta história. Ele vai embarcar mesmo num velho Boeing que faz simulação de viagem espacial. O avião adaptado faz manobras radicais que reproduzem a sensação de estar no espaço, simulando gravidade zero. Para o cientista que há anos tem os movimentos limitados por causa de uma doença degenerativa deve ser uma experiência libertadora. Hawking se comunica através de um sintetizador de voz operado pelo movimentos dos olhos e de alguns dedos. O “passeio” que será monitorado por médicos, vem pouco tempo depois do físico ter “queixado” uma viagem espacial, para o empresário Richard Branson, dono da Virgin, e conhecido pelas aventura aéreas. A viagem está prevista para 2009. No ano passado professor de física da Universidade Cambridge já tinha anunciado que os seres humanos deveriam colonizar outros planetas para evitar nossa extinção. Sobre o problema das distâncias interplanetárias, a dica está no livro "O Universo Numa Casca de Noz” que cogita a possibilidade de viajar no tempo. Para mim, o nobre cientista quer mesmo é garantir um bom terreninho lá no o exoplaneta descoberto recentemente, da matéria logo abaixo...

terça-feira, 24 de abril de 2007

Esperança interplanetária

Eu sei que é cedo para arrumar as malas, mas caso haja alguma lista de espera para partir e deixar para trás Lula, Bush, Bin Laden e Amado Batista, tô dentro. Não é que os cientistas descobriram um planeta do tipo "terrestre habitável", capaz de abrigar vida fora da terra?! O estudo sai na quinta-feira, na revista Astronomy and Astrophysics, mas já aguça os planos de alguns desiludidos com esse planeta aqui (como eu!) . O Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França (CNRS) adiantou alguns dados da pesquisa. O exoplaneta gira em torno da estrela Gliese 581 (Gl 581) a 20,5 anos-luz de nosso planeta. E o mais interessante: é o primeiro a possuir ao mesmo tempo uma superfície sólida e líquida e uma temperatura próxima da encontrada na Terra, variando de zero a 40ºC.
Dados científicos à parte, vocês já imaginaram poder começar do zero novos bairros, cidades, países, ou então arquitetar uma grande comunidade sem fronteiras - e não estou falando da globalização que conhecemos hoje - e partir de mala e cuia numa esperançosa viagem interplanetária? Mas quem estaria no comando dessa missão? Quem poderia ter o visto liberado? Quem ditaria as regras para o início do jogo? E quem escolheria o nome do planeta (eu voto em Zion, se bem que deve existir alguma estrela com esse nome)? Cidadãos terrestres, certamente, o que não me parece boa idéia. Basta olhar os recentes estudos sobre aquecimento global e outras formas de destruição do próprio habitat. O pobre do planeta mal foi descoberto e já pode correr perigo, coitado.
De qualquer forma, saber que ele existe já foi uma boa notícia para mim. Descoberto com o telescópio "Harps" de 3,6 m do Observatório Espacial Europeu (Eso) da Silla, no Chile, este planeta orbita em 13 dias em torno da estrela Gliese 581 (Gl 581), da qual está 14 vezes mais próximo do que a distância da Terra para o Sol. Vou anotar o endereço. E se por um acaso alguém encontrar algum carimbador maluco por aí, disposto a organizar essa viagem, é só me avisar. Quem me acompanha?

domingo, 22 de abril de 2007

FESTA DO CINEMA

Todo país que se preze tem seu Oscar. Na França, existe o César. Na Espanha, o Goya. Na Itália, tem o David Di Donatello. Todos são entregues por suas "academias" nacionais de cinema. O Brasil, embora quase ninguém saiba, também tem seu Oscar. Ele ainda não tem nome - ou apelido - mas, desde que foi criado, há cinco anos, passou por uma grande evolução. Deixou de ter marca de patrocinador. Pois é, o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro já foi o Grande Prêmio BR ou o Grande Prêmio TAM do Cinema Brasileiro. Ficou mais sério, mas extremamente mais difícil de ser realizado.

O presidente da nossa academia, o cineasta Roberto Faria, quase não arranja apoio para a festa, que aconteceu neste domingo e foi transmitida ao vivo pelo Canal Brasil (Sky, 66). A última edição do prêmio demorou tanto para acontecer que tiveram que tornar elegíveis longas de 2005 até a metade de 2006. A vontade de realizar o evento, no entanto, apesar de bastante bem-vinda tropeçou em alguns problemas.

O primeiro é o número de indicados: 8 por categoria. Veja bem, se nos Estados Unidos, onde são elegíveis cerca de 900 filmes por ano só tem cinco indicados em cada quesito, porque no Brasil, com pouco mais de 70 filmes votáveis, temos 8 concorrentes? Não parece que, na ânsia de querer celebrar a produção brasileira, celebraram demais? Há indicações esquisitíssimas como a de Hermila Guedes como protagonista em Cinema, Aspirina e Urubus ou a de José Dumont, na mesma condição, em Árido Movie, quando os dois são claramente coadjuvantes e só parecem estar lá para completar o número de indicados.

O filme de Hermila, por sinal, ganhou os principais prêmios: longa de ficção, direção (Marcelo Gomes), fotografia, montagem e roteiro original. Foi o mais acertado de uma festa bem chatinha, onde dois ótimos atores - João Miguel e Dira Paes - não achavam o timing para ser dois bons apresentadores. A idéia de passar clipes de todos os indicados em todas as categorias também foi infeliz: alongou e deixou a cerimônia cansativa. Como o prêmio ainda não tem credibilidade, a maior parte dos premiados não compareceu para receber suas estatuetas, o que, de certa forma, deixa o projeto de um "Oscar brasileiro". É o engatinhar de uma indústria se organizando. Daqui a alguns anos, talvez o prêmio, já com um nomezinho nosso - tipo Glauber ou Humberto - fique famoso e seja respeitado. Até lá, parece apenas um Oscar Jr., um Oscarito.

sábado, 21 de abril de 2007

Das barracas e outros demônios


O inferno para Raimundinho das Couves já dura mais de sete meses. Morador do Nordeste, ele costumava descer até a praia de Amaralina rigorosamente às 9h de sábado e começar um fim de semana etílico com pititinga frita e garrafas de Dávila Bier (R$ 1,30 no varejo) numa aparência quase polar. Depois que os barraqueiros da orla, esses anfitriões suados da alegria praiana, foram impedidos de trabalhar em todas as suas possibilidades, das Couves já não consegue a mesma temperatura da gelosa quando passa de meio-dia e o gelo derrete nos isopores que são um arremedo de geladeira à beira-mar. O inferno é mesmo ser obrigado a beber uma cerveja quente no incinerante meio de tarde de sábado.
O inferno para Jacira Nazaré Gomes, a barraqueira Jajá, uma desbocada comerciante, que virou tema de música de axé e tem a barriga esférica de quase quatro décadas apreciando o malte da cevada, também dura esse tempo. Ela representa o outro segmento afetado, os ameaçados de desemprego, despejados da possibilidade de faturamento, no sofrimento da fuga de clientes, na ressaca perene que tomou conta da costa que antes era entretenimento e hoje é favela e desolação.
O inferno para o prefeito João Henrique, pivô das idas e vindas no projeto Orla, arauto dos factóides e portador da síndrome AGP (Autismo Governamental Paralisante) é coisa bem mais antiga e só a ressurreição de um especialista nas dores da alma seria capaz de explicar.
Todo esse preâmbulo é para falar da situação tão polêmica quanto ridícula que se arrasta desde a conclusão de que os imóveis levantados na beira da praia a pretexto de modernização da orla soteropolitana ferem o bom senso ambiental e, pior ainda, o bom senso estético. (Aliás, esta última opinião poderia ser dada até por um garoto de cinco anos que começa a aprender a juntar os bloquinhos coloridos de um Lego para formar a maquete de uma casinha de cachorro).
O impasse é tema recorrente em qualquer mídia na Bahiaum bom tempo. Já passou da fase de ser considerado um espanto, depois um acinte, até chegar na situação de naturalidade, em que se joga com o futuro de centenas de famílias trabalhadoras da praia como se estivessem mexendo num tabuleiro de Playmobil.
Agora, chega-se ao ponto da demolição anunciada e o natural e risível recuo da prefeitura de Salvador, para aceitar tudo o que fora sugerido antes e só agora considerado viável. Nem Renato Aragão, com sua inspiração mambembe de comediante repetitivo, conseguiria uma quantidade suficiente de adjetivos burlescos para caracterizar tamanha trapalhada.
Na ausência de prognósticos para o final dessa estória ou de expressões dignas para descrever a situação grotesca, fica a seguinte indagação:

é impressão só minha, ou Didi e Jajá foram separados no nascimento?

quinta-feira, 19 de abril de 2007

FÓSSIL VIVO

A notícia de que americanos encontraram o fóssil da mais antiga árvore do mundo movimentou o mundo da ciência. A tal árvore de 385 milhões de anos não tinha folhas, parecia com uma samambaia e já ajudava a esfriar o planeta porque absorvia dióxido de carbono. Os detalhes estão em um artigo que foi lançado nesta quinta-feira na revista “Nature”. Não vou questionar a importância científica da descoberta dos americanos, mas enquanto eles “futucam” as pedras de lá, aqui no sul do Brasil estão milhares de árvores consideradas fósseis vivos. São as araucárias que têm mais de duzentos milhões de anos. O assunto Fóssil Vivo me intriga desde que vi a primeira foto de um celacanto. O peixe pré-histórico era considerado extinto até o fim da década de 30, até que um sujeito na África pescou o bicho. O peculiar é que a descoberta só se tornou “a descoberta” depois que foi publicada por um cientista americano. Segundo os estudiosos, “fóssil vivo é um organismo que sobreviveu por um considerável tempo sem sofrer mudanças morfológicas significativas, tendo chegado até nossos dias”. Caso algum cientista americano descubra quem usava videotexto por estes lados, quem sabe eu possa vir a ser capa da Nature.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

MINEIRA E VIRGÍNIA


O olhar confuso e perdido revela o pânico da criança que busca proteção no colo da mãe, ambas escondidas num ponto de ônibus, no meio de um tiroteio. Elas estão numa rua, que deveria ser pública, mas no Rio de Janeiro de 2007, não há vias de acesso livres para o povo. Há morros, becos, favelas, bairros e áreas dominadas por grupos de criminosos. E coitada da pobre mãe que precisa levar sua filha para o colégio. Só mesmo se protegendo dos tiros em pontos de ônibus que servem de barricadas na guerra civil que se espalha numa cidade antes chamada de Maravilhosa. Me desculpem os cariocas e afins, mas eu não gostaria de arriscar a vida da minha filha toda vez que saíssemos à rua.

Nos últimos três anos, mais de 20.000 pessoas foram assassinadas no Rio, a maioria na área metropolitana da capital. É mais que seis vezes o número de mortes de norte-americanos no Iraque desde 2003. Um artigo publicado pela Reuters Brasil no início do mês relata a experiência dramática do diretor de um dos maiores hospitais públicos do Rio, o Getúlio Vargas. Carlos Chaves diz:
" É como se o hospital ficasse no meio de uma zona de guerra. A única diferença de uma guerra é que aqui não há trégua".

Pena que esta semana o mundo não olhou para o Morro da Mineira como olhou para a Virgínia. O massacre na universidade americana merece destaque pela brutalidade e estupidez. Mas o olhar de pânico da criança perdida no meio de um tiroteio é o retrato cruel de uma sociedade atônita diante da insegurança.

A diferença é que Cho Seung-Hui pagou US$ 571 pela arma que usou para matar 32 inocentes. No Rio de Janeiro o bandido da esquina não precisa nem pagar. Mata um policial e rouba a arma. Depois mata sabe Deus quantos inocentes.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Até que enfim!



Eu sei que o mundo ainda está chocado com o massacre na Universidade Técnica da Virginia –EUA, que deixou 32 mortos e 15 feridos. Olhando mais para o próprio umbigo, os tiroteios de hoje no Rio de Janeiro, com saldo de 21 mortos, também chamam a atenção para a guerra civil que acontece debaixo de nossos narizes. Mas não poderia deixar de eleger como minha notícia do dia o anúncio daquilo que todos suspeitavam e alguns temiam... Sandy e Júnior se separaram! Finalmente, depois de 17 anos, acabou. Tudo bem que a discografia envolve 17 trabalhos, mais do que muito artista possa sonhar em chegar. Só que mesmo os fãs devem reconhecer que muitas músicas usaram do recurso da tradução de hits originalmente em inglês ou espanhol, o que pessoalmente me tira do sério. Sem contar que a força do pai-sertanejo Xororó no mínimo ajudava a fazer com que os filhos estivessem em quase todos os programas de televisão. Era difícil de agüentar!
A dupla decidiu fazer a revelação num vídeo disponibilizado na Internet, no início da tarde. É engraçado perceber que, tal qual aconteceu durante todos esses anos, Júnior chega atrasado, depois de alguns segundos nos quais a irmã brilha sozinha na tela. Interessante também notar a escolha da web para sacramentar a separação. Anos atrás, o palco do Faustão ou uma entrevista exclusiva para Glória Maria seriam as opções primeiramente pensadas. Como a geração de fãs que seguiu o trabalho dos irmãos está ligada na Internet, assim como os jornalistas que fazem cobertura musical ou de celebridades, nada melhor do que aproveitar o recurso.
A boa notícia para os fãs é que resta ainda um trabalho para dar o ponto final à carreira de Sandy e Junior. Eles participam do projeto Acústico MTV, com DVD, CD e turnê por algumas cidades brasileiras.
Os irmãos não revelam o motivo da decisão nem os rumos artísticos que irão tomar. Que Sandy é uma boa cantora, bonita e com presença de palco isso muitos concordam. Que Júnior é um instrumentista esforçado, também. Agora, serão duas identidades. E, lembrando um dos maiores sucessos da dupla, cada um vai ter que rebolar para provar que resiste a 17 anos de superexposição com um trabalho marcado para o público infanto-juvenil.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

VOANDO BAIXO


Lembra daquela atriz e apresentadora de TV do início dos anos 90, a Doris Giesse? A loira platinada teve passagens pelas TVs Bandeirantes, Record e SBT, apresentou durante um período o Fantástico e chegou a ter um programa próprio, o humorístico Doris para Maiores, ambos na TV Globo. Muitos devem lembrar dela pelo sucesso que fez quando posou para a revista Playboy.

Pois bem, a última notícia que chega da moça não tem nada de comédia. Doris, de 46 anos, caiu do prédio onde mora num bairro nobre de São Paulo. Do sétimo andar. Caiu, mas sobreviveu. A versão oficial dá conta de que a moça tentava pegar o gato dos filhos quando perdeu o equilíbrio, mas o histórico da ex-apresentadora, que tem formação de bailarina, aventa outras possibilidades.

A notícia de hoje me fez voltar no tempo. Curiosamente, eu já estive no prédio onde aconteceu o acidente. Um grande amigo vivia num apartamento no mesmo endereço e o comentário geral era de que a ex-apresentadora sofria de depressão e afins. Num belo dia, em visita a meu amigo, em São Paulo, cruzei com ela quando atravessava a rua. Um boné escondia o rosto cabisbaixo. A informação de que a loira não andava bem é confirmada nesse texto de Alexandre Inagaki, de 2004. Dois anos antes, Doris teria chegado a passar fome e foi pedir ajuda no mesmo ambiente que a deixou para lá.


Seu site oficial - sim, apesar de tudo ela tem; quem não tem hoje em dia? - omite os problemas pessoais, inclusive as declarações da própria Doris para um programa de TV de que seu marido não a deixava voltar para a televisão. Seria Doris mais uma vítima do mundo das celebridades? Uma vasculhada na web revela outra faceta da apresentadora: blogueira. Em seu diário virtual, Doris comenta detalhes do cotidiano e ainda publica as poesias que vêm tomando conta de seus últimos meses. No último post, apenas uma foto e dezoito comentários. A maioria desejando melhoras à moça com rosto de robô. No canto direito, uma carinha indica como ela se sentia no último dia em que atualizou a página, 31 de março: "bem humorada".

domingo, 15 de abril de 2007

ODE AO CARCARÁ



Agora, a alegria é oficial! Depois de três meses de disputa acirrada, o clube de Alagoinhas, o único Atlético reconhecido no Recôncavo Baiano, chega ao quadrangular final do campeonato estadual da Bahia. Na cidade definida por Ruy Barbosa como o "pórtico de ouro do sertão baiano", um vendedor de picolé desabafou no exato momento em que a horda de torcedores destruía sua caixa de isopor. "Agora, o Atlético encarcará pra cima de Bahia e Vitória", vociferou, fazendo trocadilho debochado com a ave que representa a equipe. Os políticos locais já planejam como meta da campanha do ano que vem pagar as passagens de avião de toda a delegação para Tóquio, na disputa do Mundial de Clubes. Uma carreata saiu do estádio Carneirão, até as ruínas da igreja de Alagoinhas Velha, antes passando pelo totem do Pau Pintado, onde todos os torcedores de duplo sentido foram abençoados. Os meios de comunicação da capital se renderam à jornada de heroísmo, suor e lágrimas dos gladiadores de Alagoinhas, que superaram dietas alimentares restritas para honrar a tradição esportiva da cidade. Mas faltou à mídia retratar em toda a grandiloquência e com a sensibilidade que o assunto merece a saga destes anônimos em vermelho, preto e branco que fizeram do futebol a sublimação de uma raça.
Todo o resto não passa de história.