sexta-feira, 4 de maio de 2007

OLHAR ESTRANGEIRO



Deu no NE TV (o BATV de Pernambuco): Moradores do bairro da Boa Viagem querem que o Ministério Público interfira no projeto do Parque Dona Lindu. Resumindo a história, a prefeitura do Recife quer implantar o parque projetado por Oscar Niemeyer e que leva o nome da mãe do presidente Lula, enquanto os moradores querem manter a área verde. Antes de assistir ao telejornal, nesta minha breve visita à capital pernambucana, tive a oportunidade de caminhar pela orla da Boa Viagem. Os prédios “chiques” tomam toda a avenida beiramar e os imóveis antigos estão sendo demolidos para a construção de novos, mas daqueles super edifícios de fazer inveja à construtora que demoliu a mansão Wildberg. Os soteropolitanos que no ano passado discutiram tanto o gabarito da orla e no Recife os arranha-céus subindo, subindo. O hotel mesmo tem 29 andares! De longe é uma beleza: torres de arquitetura arrojada, muito mármore e granito. Mas por causa da altura dos prédios, só tem sol na praia até as duas da tarde. Pode ser que agora os moradores queiram compensar preservando um “verdinho” que resta, já que o sol da tarde foi extinto.
Em tempo: Aqui no Recife as barracas da orla ficam na calçada e no mar tem tubarão.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Rebolado partidário

No dia do trabalho, em vez de comentar a infeliz declaração do líder da Força Sindical e deputado federal, carinhosamente conhecido como Paulinho, ou então a presença de Delúbio Soares na comemoração da CUT (quem disse que picareta não é profissão?), prefiro analisar aqui como uma pessoa pode reinventar a própria carreira em busca de um espaço no tão cruel mercado de trabalho: Gretchen se filiou ao PPS e deve sair candidata à prefeitura de Itamaracá (PE). Vejam só que exemplo de como buscar alternativas quando seu perfil profissional já não mais se encaixa nas exigências do mercado. No caso, a "busanfa" da porta-voz do Melô do Piri Piri já não era mais a mesma. A concorrência com as dançarinas de pagode era cruel, assim como a força da gravidade. E ela descobriu na política a chance de continuar nos holofotes.


A foto da assinatura à legenda partidária correu os principais jornais e sites do Brasil nos últimos dias. Muito mais bem comportada do que quando divulgava seu filme pornô, a cantora ícone dos anos 80 citava a juíza aposentada e ex-deputada federal Denise Fraussard como espelho na mais nova área de atuação. Gostaria de saber como a digníssima jurista se sentiu com tal citação...


Gretchen deve se afastar dos microfones assim que a campanha municipal começar. Mas não deve aposentar o rebolado. Nos palanques, os atributos podem ajudar a conseguir um ou outro voto, até porque a própria já declarou que não entende muito de administração pública e tão pouco tem conteúdo político. As vezes em que apareceu mais composta na mídia foram para comentar a vida amorosa homossexual da filha Tammy, ex-parceira de shows.


Esse episódio só serve para confirmar o que eu já estava desconfiada há muito tempo: a política brasileira está se transformando num circo dos horrores. Se já não bastassem os figurões de sempre, acostumados a protagonizar trapalhadas mambembes e artimanhas inimagináveis, agora ainda temos que encarar seres que estavam no fundo do poço do showbiz. Depois de Clodovil Hernandez e Frank Aguiar em Brasília, agora Gretchen que virar prefeita. Acho que seria menos pior vê-la, ao 50 anos, insistindo em usar biquinis fio-dental e dançando Conga la Conga em programas de TV de gosto duvidoso. Ainda bem que Itamaracá fica bem longe de Salvador...

segunda-feira, 30 de abril de 2007

JAPAS SENSÍVEIS

Eu sempre desconfiei de que os japas fossem pessoas sensíveis apesar de toda aquela história de samurai e harakiri. A notícia de que sete japoneses passaram mal durante uma sessão do filme Babel, de Alejandro Gonzalez Iñarritú, confirmou minha teoria. Segundo a reportagem, o grupo não teria resistido à imagem da atriz Rinko Kikuchi dançando numa boate, com luzes piscando. O incidente seria semelhante a outro, em 1997, quando mais de treze mil crianças - japonesas, por sinal - se sentiram mal quando assistiam ao desenho Pocket Monster, aliteração para Pokemón.

Será que foi isso ou os primos da minha colega de blogue Silvia Mizuno são apenas pessoas de bom gosto e não suportaram ver um filme tão ruim?

Quando eu vi o longa em outubro passado, durante a Mostra de Cinema de São Paulo, eu, juro, também passei mal. Não cheguei a vomitar porque estava de barriga vazia, mas me deu certa repulsa assistir a um filme que quer ser tanto e não consegue ser nada. Babel segue uma linha bastante frutífera do cinema atual: a do filme que quer revelar os bastidores da sociedade, da qual Crash - No Limite, de Paul Haggis, é o exemplo mais grotesco. Um tipo de filme que faz mais escândalo do que qualquer coisa.

Mas Iñarritú, por sinal, diz que detesta o filme de Haggis e que, no seu longa, segue outro caminho: não julga seus personagens. Isso quer dizer exatamente o quê? Que se Crash promove julgamentos, sentenças e condenações, Babel é apático em relação a seus personagens que dançam aleatoriamente ao sabor da maldade de um roteirista que quer ver todo mundo em maus lençóis? Se for assim, Crash é melhor do que Babel embora seja um filme horrendo.

E os japoneses com isso? Bem, uma pesquisa recente revelou que eles fazem pouco sexo e ainda reclamam dele. E aí mandam eles verem um filme destes e querem que as pessoas saiam ilesas. Por sinal, a parte mais fraca do filme fraco que é Babel é justamente a história oriental, completamente à parte do emanharado de histórias que o diretor acha que é genial. Esta é outra teoria em relação aos japoneses. Eles ficam ainda mais sensíveis ainda quando se vêem tão mal retratados na tela. E talvez mais ainda depois de uma noite sem amor.